Um Toureiro de Arte
na Arte da Pintura…
Conheci o Pedro Nunes, há muitos, muitos anos, no buliço do mondillo…acompanhando cuadrillas ou grupos de aficionados e,
simpatizando logo com ele, sempre o considerei um taurino. Pelas suas maneiras
de estar, de ser e de fazer… é amável e solícito, é voluntarioso, tem o dom da
conversação, bom companheiro de caminho – o tal caminho que se faz caminhando!
–, é boémio, gosta da boa vida, é solidário, é amigo do seu amigo e sempre lhe
reconheci uma eterna paixão pelo mundo da Festa.
Sempre considerei que ser Taurino é um estatuto, uma condição de privilégio e
de eleição… sou do tempo e das gerações de taurinos de oiro que fizeram e são
história. Mas, a par de sentir todo o taurinismo
do Pedro Nunes, intui-lhe um sonho maior…ser Toureiro. E, não um toureiro
qualquer, nem sequer um toureiro com técnica e valor… não. O Pedro Nunes, pela
sua vida e carreira, em constantes faenas
de pellizco, quis ser (é!) Toureiro
de Arte…e, se não o conseguiu nas arenas, conseguiu ser Maestro na Arte Grande de desenhar e pintar…e com que propriedade
nos brinda com os seus impressivos jogos cromáticos, a subtileza dos
movimentos, a graciosidade das formas em obras, prenhes de animação, que se
eternizam no olhar, na alma e no coração de quem lhe conhece o percurso de Artista
enamorado pela sua Arte.
Nesta exposição – Homenagem justa, devida, merecida e sentida ao
Matador de Toiros Armando Soares –, a que Pedro Nunes deu o nome de “O Flamenco é Livre, o Toureio não”, onde
podemos apreciar as tocantes telas Cuadrillas
– a da fonda e a do tablao – ao jeito dos quadros de sensível inspiração costumbrista de oitocentos, são tema dominante e central da mostra,
alguns conjuntos de duas telas que, de forma harmoniosa, quase requintada e diáfana,
se completam, dando uma leitura conjunta à maravilhosa energia criadora, à volupt uosidade e à sensualidade da Arte de Tourear e da
Arte de Dançar o Flamenco. É a magia
desses dois mundos – o Toureio e o Flamenco
– em que o superior e divino sopro de Deus, a que chamamos génio, dá
intemporalidade, que Pedro Nunes nos (re)cria e oferece, em representações
figurativas, onde o corpo da mulher e do homem, em artes distintas, se fundem
numa dança ritual, cabal, de sentimentos e emoções que só nos pode desejar
olhar, ver, escutar e sentir o belo e o transcendente dessas expressões
ibéricas que são as nossas raízes mais profundas e telúricas.
Vítor Escudero
(Academia
Nacional de Belas Artes)
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Inauguração da Exposição "Flamenco é Livre o Toureio Não" do artista Plástico Pedro Nunes Organização e Curadoria; Métis Eventos |
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"On the Job" |
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Pintura a óleo de um pormenor - Bailaora |
Exposição a ver. Pintura muito expressiva e sensual.
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