Libertei-me de todas as
intenções. Não sei bem explicar a razão, mas a verdade é que, de súbito, surgiu
esta vontade da representação abstracta de um regresso a África, através do
coração, do seu pulsar, da sua cor, da vida. Um regresso à minha casa diante do
mar, às cores, ao sol, às sombras.
Nestas cores de cascas de árvores
englobadas na terra, que me fazem relembrar a minha infância existe o calor e
ternura que quero transmitir pelas cores e traços, dar-lhes uma presença e uma
nostalgia pela sua ausência. Dezasseis anos à sombra das árvores angolanas por
onde deambulava livremente, deixaram marcas… Saudades... Ah! Aquelas
escapadelas de casa, sem qualquer aviso à família, só para sentir os pés contra
o solo quente, como dizia Sophia de Mello
Breyner Andersen, sentir o che iro da terra das
árvores e do vento.
São Nunes
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